Própolis é uma resina coletada pelas abelhas de várias fontes e partes de plantas, é usada por elas para proteger a entrada de intrusos e bactérias. Sua composição depende da época, vegetação e local de coleta. Possui aroma característico (balsâmico e resinoso), dependendo da origem botânica, cor variável desde vermelha, amarela, esverdeada clara ao pardo escuro.
Devido a grande biodiversidade no Brasil, são descritas propriedades biológicas e composição química distintas para diferentes amostras coletadas em diferentes partes do país, logo sua composição química varia com a flora da região, locais e épocas de coleta, com a técnica empregada para a produção (tipos de coletores) e com as características genéticas (gênero e espécie das abelhas). Por isso, há diferentes tipos de própolis na natureza e cada uma possui características especificas, já que esse conjunto de fatores exerce uma enorme importância nas suas propriedades físicas, químicas e biológicas.
No Brasil, existem mais de dez subtipos, incluindo a própolis verde, própolis vermelha, própolis marrom, própolis amarela, própolis preta e geoprópolis. Esses são diferenciados pela cor, pelo odor e pela consistência. Abaixo os principais tipos de própolis e suas propriedades:
Própolis Verde: a própolis verde é proveniente do alecrim do campo (Baccharis dracunculifolia), mais conhecida como Vassourinha do campo. Este tipo de própolis possui como marcador químico um composto fenólico denominado Artepillin C, cuja patente de descoberta pertence ao Japão. Esse composto químico (denominado ácido 3,5-diprenil-4-hidroxicinâmico) foi capaz de inibir o crescimento de tumores em testes in vitro (fora do organismo, realizados no laboratório). Esse tipo é produzida fundamentalmente no sul, leste, centro e zona da mata de Minas Gerais, leste de São Paulo, norte do Paraná e em regiões serranas do Espírito Santo e Rio de Janeiro. A própolis verde é conhecida pelas suas propriedades biológicas, tais como: antimicrobiana, antioxidante, anti-inflamatória, imunomodulatória, cicatrizante, anestésica, anticâncer e anticariogênica.
Própolis Vermelha: é um tipo de própolis encontrada na região norte e nordeste do Brasil e presente, por exemplo, nos manguezais dos estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. A resina coletada pelas abelhas para sua fabricação é proveniente de uma planta conhecida popularmente como rabo de bugio (Dalbergia ecastophyllum (L) Taub). Essa planta secreta exsudato (secreções) de cor vermelha (o que explica sua coloração) pelos buracos feitos por insetos em seu caule e as abelhas visitam e recolhem essa resina para a fabricação da própolis. Essa própolis possui como constituinte majoritários os compostos fenólicos, do tipo flavonoides, antraquinonas e fenóis. Possui constituintes jamais encontrados em outros tipos de própolis e, extratos desta, mostraram atividades antitumorais e antioxidantes in vitro, porém é necessário o estabelecimento da eficácia e segurança dos produtos obtidos.
Própolis Amarela: a própolis amarela é comum no Mato Grosso do Sul. Em geral, possui baixos teores de compostos fenólicos e flavonoides (substâncias responsáveis pelas principais propriedades atribuídas a própolis).
Própolis Marrom: a própolis marrom pode ser encontrada na região Sudeste e Sul do Brasil. Possui atividade antimicrobiana e antioxidante.
Própolis Preta: a própolis preta é fabricada pelas abelhas a partir de resina coletada de uma planta denominada Jurema Preta (Mimosa Hostilis benth). É uma árvore presente praticamente em quase todo nordeste brasileiro. A literatura científica evidencia poucos relatos sobre esse tipo de própolis e seu extrato hidro -alcoólico, sendo mais abordadas outras própolis.
Geoprópolis: o termo geoprópolis é utilizado para diferenciar a própolis produzida pelas abelhas sem ferrão daquela produzida por outra espécies. Esse tipo de própolis é produzida, por exemplo, pelas abelhas sem ferrão Mandaçaia, Manduri e Jataí. No Brasil, índios usavam a geoprópolis na fabricação de ferramentas e como dádiva em sepultamentos. Apresenta atividade antimicrobiana e antioxidante.
Referências:
1. Daugsh, A; et al. Própolis vermelha e sua origem botânica. Apacame.org.br
2. Nunes, L.C.C et al. Variabilidade sazonal dos constituintes da própolis vermelha e bioatividade em Artemia salina. Rev. Bras. Farmacogn. Braz. J. Pharmacogn. 19(2B): Abr./Jun. 2009.
3. Júnior,A.F et al. Atividade antimicrobiana de própolis de Apis melífera obtidas em três regiões do Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.1, p.294-297, jan-fev, 2006
4. Nascimento, E.A et al. Um marcador químico de fácil detecção para a própolis de alecrim-do-campo(Baccharis dracunculifolia). Revista Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 18(3): 379-386, Jul./Set. 2008. Recebido 4 Janeiro 2008; Aceito 17 Junho 2008
5. Bastos, E.M.A.F et al. Indicadores físico-químicos e atividade antibacteriana de própolis marrom frente à Escherichia coli. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. vol.63 no.5 Belo Horizonte Oct. 2011
6. Cunha,M.H. Composição química e atividade biológica do extrato hidroalcoolico de própolis preta. Trabalho final apresentado ao Mestrado Profissional em Sistemas Agroindustriais da Universidade Federal de Campina Grande-UFCG. Pombal-PB,Março/2018.
7. Lima,M.V.D. Geoprópolis produzida por diferentes espécies de abelhas: atividades antimicrobiana e antioxidante e determinação do teor de compostos fenólicos. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, área de concentração: Fármacos e medicamentos do Instituto de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Pará. Belém-PA-2015.
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