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O USO DA PRÓPOLIS VERDE NA ODONTOLOGIA


Atualmente, as diversas propriedades atribuídas à própolis, como efeito antimicrobiano, anti-inflamatório, cicatrizante entre outros, são amplamente estudados e comprovados pela área científica. Devido a todas essas propriedades, e outras não relatadas claramente na literatura, esse produto natural vem despertando interesse na área da saúde. Na odontologia, vários estudos foram realizados para observar a aplicação e o uso da própolis nas seguintes áreas: cariologia, periodontia, prevenção oral, anestesiologia, dentística, endodontia, cirurgia, periodontia, patologia bucal e implantodontia. Dentre essas áreas de estudo da odontologia, focaremos nas pesquisas sobre prevenção da cárie dentária.

A cárie dentária é uma doença multifatorial, infecciosa, transmissível e dieta dependente, que produz uma desmineralização das estruturas dentárias. É o processo de dissolução do dente, causado quando o potencial de Hidrogênio-pH (escala que mede o nível de acidez) da boca se torna ácido. Conforme presente na literatura específica, essa acidez, que favorece a formação da cárie, pode ser provocada por um micro-organismo chamado de Streptococcus mutans (S. mutans), bactéria encontrada na saliva humana. Essa bactéria é responsável pela formação de placa bacteriana e, em seguida, da cárie e, é apontada como agente causal primário ou iniciador dessa doença em seres humanos. Essa bactéria produz a enzima glucosiltransferase (ou Gtf) e a utiliza na quebra da sacarose (açúcar) em glicose e frutose. A partir da glicose, a bactéria sintetiza o membrano (polímero de açúcar) e o deposita na superfície dos dentes, onde passa a sobreviver. Toda vez que é ingerido açúcar, mais membrano é formado entre as bactérias, o que constitui a chamada placa de massa bacteriana e é justamente nesse local, onde as bactérias produzem ácidos orgânicos, que diminuem o pH do dente e o fazem dissolver.

Estudos liderados por pesquisadores que utilizaram a própolis verde, proveniente de um vegetal chamado de alecrim do campo (Baccharis sp), identificaram a presença de uma substância chamada de apeginina, um composto fenólico com ação antimicrobiana. A apeginina inibe a ação da enzima glucosiltransferase (ou Gtf) e impede a bactéria de fazer a quebra da sacarose (açúcar). Em seguida, o composto mata a bactéria e evita a formação da placa. Ao testar a propriedade anticariogênica da própolis com ratos, os pesquisadores perceberam redução de 60 a 70% na formação da placa bacteriana. Nos voluntários que fizeram tratamento com o produto, a redução na formação da placa foi de até 40%. Outro estudo demonstrou que até mesmo o extrato proveniente das folhas do vegetal alecrim do campo, apresentaram atividades biológicas, que revelaram seu potencial terapêutico para a prevenção do desenvolvimento de cárie dental. Outras substâncias químicas já disponíveis, como a cloroexdina, são capazes de maior redução das placas bacterianas em humanos (em até cerca de 70%), mas causam grandes efeitos colaterais, como redução na sensibilidade do paladar, o que não acontece com a própolis, produto totalmente natural.

Em países de clima temperado, são poucas as plantas que produzem a resina usada pela abelhas na preparação da própolis, mas no Brasil há uma grande variedade delas. Os cientistas estudaram 500 amostras de própolis do Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, que foram classificadas em 12 grupos diferentes. Depois de testar a atividade antimicrobiana de cada grupo, constatou-se que os grupos 3, 6 e 12 (encontrados respectivamente no Sul, Nordeste e Sudeste) apresentaram maior atividade contra a Streptococcus mutans.

Diversos estudos têm mostrado que a própolis verde é capaz de inibir a proliferação de bactérias e, consequentemente, prevenir a formação da cárie dental. Esses resultados abrem caminhos para criação de cremes dentais e enxaguatórios bucais a base da planta e da própolis verde.

REFERÊNCIAS

1.Paulino; N. at all. Tratado de propoterapia clínica. Vol.1. São Paulo: editora Nelpa, 2016.

2. Ascom, D.R; Própolis é usada na produção de gel dental para prevenir doenças causadas por fungos e bactérias.29/12/2005.

3. Lima,E.O; Cárie dentária: um novo conceito. Maringá, v. 12, n. 6, p. 119-130, nov./dez. 2007

4. Sites acessados:: http://www.prometeu.com.br/noticia.asp?cod=167; Serviço de Comunicação do Campus de Ribeirão Preto da USP: http://www.odontologia.com.br/noticias.asp?id=860&idesp=32&ler=s


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