A Própolis Verde é um tipo de resina natural encontrada no Brasil que se tornou alvo de intenso estudo nas últimas décadas pela comunidade científica e acadêmica. São inúmeros os benefícios pesquisados e comprovados pelos testes laboratoriais como, por exemplo, a ação antioxidante, antimicrobiana, anti-inflamatória e cicatrizante. Dentre os efeitos atribuídos a esse produto natural, talvez o que despertou mais atenção foi seu poder antitumoral, ou seja, a capacidade de prevenir o aparecimento de tumores. Na década dos anos 90, os cientistas japoneses descobriram a presença de uma substância química presente na própolis verde capaz de inibir o crescimento de tumores em testes in vitro (fora do organismo, realizados no laboratório).
Esse composto químico denominado ácido 3,5-diprenil-4-hidroxicinâmico (composto fenólico) foi batizado de Artepillin C e patenteado pela indústria farmacêutica japonesa. Muitos estudos foram realizados desde então e vários artigos científicos publicados revelam o grande potencial do extrato de própolis verde contra tumores, principalmente, quando pensamos no seu uso preventivo. Na parte comercial, o Artepillin C já possui uma notável importância nas transações para definir a qualidade do lote de própolis e tornou-se um marcador biológico para a atividade desse tipo de resina.
O Artepillin C isolado da própolis brasileira evidenciou atividade antitumoral, que está relacionada com a fragmentação do ácido desoxirribonucleico (material genético) e consequentemente, o desencadeamento da apoptose (morte celular), diminuindo o crescimento tumoral. Testes realizados in vivo demonstraram que este composto também estimula o sistema imune, por aumento da razão das células T CD4/CD8 (células de defesa). Além desse composto, outros também foram isolados e apresentaram resultados promissores. Por exemplo, o composto PMS-1 foi isolado por Matsuno e as pesquisas mostraram que ele inibe o crescimento das células tumorais do fígado, por estagnação das células tumorais na fase S do crescimento. Os ésteres de ácido caféico (denominados de CAPE) aumentam a fosforilação e expressão de p53 e Bax, que podem acelerar o processo de apoptose.
O tratamento in vivo com este composto mostrou reduzir significativamente o número de células mitóticas e de células proliferativas. Há a presença do flavonoide quercetina, a qual por regular o ciclo celular, interagir com os locais de ligação do estrogênio tipo II, diminuir a resistência às drogas e induzir a apoptose de células tumorais pode tornar-se um potente composto antitumoral. Podemos citar o seguinte exemplo: as etapas de iniciação e promoção do melanona foram bloqueadas quando a quercertina foi administrada 30 min antes da aplicação do indutor TPA, em ratos. Por bloquear a promoção deste tumor, a quercertina foi considerada como efetivo agente preventivo.
Portanto, as pesquisas encontraram substâncias presentes na própolis que, com o avanço da pesquisa científica e tecnológica, podem auxiliar no desenvolvimento de novos medicamentos contra os tumores. O uso do extrato que contém centenas de substâncias, entre elas as que apresentam ação antitumoral, podem ser uma possível ação preventiva contra vários tipos de enfermidades que acometem a humanidade.
Referências:
O apicultor-revista de apicultura. Efeitos terapêuticos da própolis. ISSN-0873-2981. Ano 20. N°71-abri/Jun.11
Behling, E.B et al. Flavonoide quercetina: aspectos gerais e ações biológicas. Alim. Nutr., Araraquara, v. 15, n. 3, p. 285-292, 2004.
Paulino, N. Avaliação da atividade anti-inflamatória do extrato padronizado de própolis P1 e de seu principal constituinte ativo, Artepillin C.
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