As propriedades da própolis são amplamente estudas pelo meio acadêmico e científico. Com suas atividades antibacteriana, antifúngica e seu efeito cicatrizante, contribui efetivamente para a cicatrização. Estudos das últimas décadas atribuem à própolis a melhora no tratamento de queimaduras, cicatrização e ulcerações e, é justamente esse efeito cicatrizante o assunto que será abordado nesse quarto texto da série: As propriedades farmacológicas da própolis.
O conhecimento da ação cicatrizante da própolis é antigo. Por exemplo, durante a guerra no final do século XIX, na África do Sul, a própolis foi amplamente utilizada devido as suas propriedades cicatrizantes, e na Segunda Guerra Mundial foi empregada em várias clínicas soviéticas. A própolis começou a ser apreciada como meio para tratamento de problemas de saúde nas décadas de 1950 e 1960, na ex União Soviética e em países do leste Europeu, como Bulgária, República Tcheca e Polônia. Nos países do oeste europeu, nas Américas do Sul e do Norte e no Japão, a própolis adquiriu popularidade até 1980. Em meados dos anos 80, tornou-se um importante produto na medicina alternativa e complementar.
A propriedade de regeneração tecidual, como cicatrização de úlceras, feridas e hepatoproteção, possivelmente estão relacionadas com a atividade antioxidativa da própolis. Quando os radicais livres são produzidos, eles dificultam ou, até mesmo, impedem que ocorra a regeneração das células no local. A remoção dos mesmos, pelos flavonoides da própolis, permitiria que o órgão ou tecido doente pudesse se regenerar normalmente. Conclui-se, portanto, que esse efeito cicatrizante, assim como várias outras propriedades biológicas, está relacionada com flavonoides e ácidos fenólicos. Dada a importância dos flavonoides para a própolis, eles são considerados como uma espécie de marcador, de tal forma que um ensaio que comprova a qualidade desta própolis é a quantificação de flavonoides totais. Em estudo comparando a propriedade cicatrizante de um creme de própolis com um de sulfadiazina de prata (usado como creme tópico para tratamento de queimaduras e comercializado em drogarias), foi demonstrado que os ferimentos tratados com própolis apresentaram menos inflamação e mais rápida cicatrização do que aqueles tratados com sulfadiazina de prata. Outras pesquisas também avaliaram essa propriedade da própolis. O grupo de Rahal, que realizou um estudo com ratos. em feridas limpas com pomada de própolis verde, mostrou resultado significativo na redução das lesões tratadas com própolis em relação às lesões tratadas com solução fisiológica a 0,9%.
O tratamento também levou a total epitelização (cicatrização) no 14° dia do experimento. Diaz (1996) estudou a efetividade da própolis na irrigação de zonas de intervenção cirúrgica em pacientes com distintas afecções bucais e, tendo como resultado uma recuperação melhor e mais rápida dos tecidos no pós-operatório dos pacientes com intervenção cirúrgica do que o grupo de controle. Diaz e col. (1997) realizaram um estudo sobre a aplicação de própolis a 5% na cura de feridas sépticas faciais em humanos. Relataram uma melhora total aos 7 dias de tratamento e, somente 1 paciente necessitou de 13 dias para a cura total da ferida. Essas pesquisas colaboram para a confirmação do efeito cicatrizante atribuído à própolis, o que resulta em várias utilizações como, por exemplo, na odontologia, onde ela tem sido utilizada em curativos pré e pós-cirurgicos, aftas, cândida, herpes labial e higiene oral.
Referências
1. Paulino; N. at al. Tratado de propoterapia clínica. Vol.1. São Paulo: editora Nelpa, 2016.
2.Santos;M.J at al. Avaliação da eficácia da pomada de própolis em portadores de feridas crônicas. Artigo extraído dada dissertação de Mestrado do Programa de Pós-graduação de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP-São Paulo,(SP)Brasil. Artigo recebido em 10/02/2006 e aprovado em 10/01/2007.
3. Lustosa,S.R at al. Própolis: atualizações sobre a química e a farmacologia. Revista Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 18(3): 447-454, Jul./Set. 2008.
4.Batista,L.L.V at al. Estudo comparativo do uso tópico de própolis verde e vermelha na reparação de feridas em ratos. Rev. Col. Bras. Cir. 2012; 39(6): 515-520
5. Grégio,A.M.T. Efeito da própolis melífera sobre o processo de reparo de lesões ulceradas na mucosa bucal de ratos. Estud. Biolog., v.27, n.58, jan./mar. 2005
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