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A PRÓPOLIS E OS ESTUDOS SOBRE SUA AÇÃO ANTITUMORAL


A Própolis tem sido utilizada há muitos anos na medicina tradicional do mundo inteiro. Atualmente, vem se destacando por apresentar propriedades biológicas amplamente estudadas, como atividade anti-inflamatória, antimicrobiana, antioxidante e também antineoplásica. É justamente essa última propriedade, sua ação antitumoral, o tema desse último texto da série: as propriedades farmacológicas da própolis.

O câncer é uma das principais causas de morte no mundo e as estatísticas globais mostram que os cânceres de pulmão, estômago, fígado, colorretal, esôfago e próstata são os principais causadores de mortes em homens e, entre as mulheres, são os cânceres de mama, pulmão, estômago, colorretal e cervical. As causas do câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos hábitos e costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas.

A procura de novas drogas para o controle dos diversos tipos de neoplasias, tem levado pesquisadores a isolar também compostos contidos em amostras de própolis de diferentes procedências. Dentre os compostos isolados de diversos tipos de própolis que apresentaram atividades anticâncer promissoras, destacam-se o ester fenetil do ácido cafeico (CAPE), e o Artepellin C (3,5-diprenil-4-ácido hidroxicinâmico), cujos mecanismos de ação parecem estar relacionados respectivamente com a inibição de processos oxidativos, que são considerados característicos da promoção do tumor, e pela indução de apoptose (morte) em culturas de células tumorais (in vitro- no laboratório).

A atividade citotóxica da própolis foi demonstrada por um pesquisador do Japão, Matsuno, que usou o ácido 17-hidroxicleoroda-3-dien-15-oico, outro composto isolado da própolis brasileira, no tratamento de linhagens humanas de células de carcinoma hepático, carcinoma de pulmão, células de câncer cervical e câncer de cólon. Em outro estudo, utilizando o composto Artepillin C (ácido 3,5 diprenil-4-hidroxicinâmico), obtido da própolis oriunda das regiões de Minas Gerais e Paraná, demonstrou-se que as células de melanona transplantadas em camundongos, apresentavam apoptose após 03 semanas de tratamento com 500 mg de Artepillin C via intratumoral. Também foi observada uma inibição no crescimento do tumor, com aumento da relação de células T e um número maior no total de células T helper (ambas células do nosso sistema imunológico). O Artepillin C é constituinte de um tipo de própolis brasileira, denominado própolis verde, proveniente do alecrim do campo (Baccharis dracunculifolia), conhecido popularmente como vassourinha do campo. Esse composto, como já mencionado, mostrou um potente efeito citotóxico e induziu altos níveis de apoptose em várias linhagens de leucemia. Kimoto e colaboradores demonstraram, pela primeira vez, que o Artepillin C extraído da própolis brasileira produziu mudanças no ciclo celular e induzia apoptose nas células tumorais. Eles demonstraram ainda que, quando esse composto foi aplicado às células tumorais humanas e de camundongos (in vitro e in vivo), produziu efeito citotóxico, reduzindo claramente o crescimento tumoral.

Pesquisas demonstraram que extratos alcoólicos da própolis chinesa têm atividade antiproliferativa contra várias linhagens de células tumorais, incluindo células de melanoma humano, células de melanoma murinho, células de tumor de mama humano, células de hepatoblastoma humano, células de carcinoma hepatocelular humano e células de adenocarcinoma de colon humano. Outros estudos demonstraram em células de linfoma histiocítico humano (tumor maligno), que o extrato etanólico bruto da própolis brasileira inibe por apoptose o crescimento destas células e a síntese de macromoléculas de maneira dose-tempo dependente. Diversos outros compostos com atividade inibitória sobre crescimento de tumores foram isolados em outras pesquisas.

Esses relatos demonstram que há compostos importantes na própolis e que, portanto, justificam mais estudos de composição química e de atividade biológica para melhor compreensão do potencial terapêutico dessa resina. A avaliação das atividades biológicas dos compostos da própolis e a elucidação do mecanismo usado para a realização de suas funções promovem substancial alicerce para um futuro desenvolvimento de novos medicamentos antitumorais ou, até mesmo, uma futura suplementação nutricional no tratamento ou prevenção do câncer.

REFERÊNCIAS

1.Paulino; N. at all. Tratado de propoterapia clínica. Vol.1. São Paulo: editora Nelpa, 2016.

2. Menzes. H. Própolis: uma revisão dos recentes estudos de suas propriedades farmacológicas. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.72, n.3, p.405-411, jul./set., 2005

3. Madjarof,C. A atividade antitumoral, anti-inflamatória e antiulcerogênica de duas variedades de própolis brasileira. Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP, 2009.


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