Própolis é uma resina coletada pelas abelhas de várias fontes de plantas, é usada por elas para proteger a entrada de intrusos e bactérias. Desde os tempos antigos, em vários países a própolis tem sido usada na medicina popular como sendo um bom remédio, tanto na terapia quanto na profilaxia de diferentes processos patológicos. Em estudos recentes, uma gama extensiva de propriedades farmacológicas foi demonstrada para esta substância, incluindo antibacteriana, anti-inflamatória, antioxidante, analgésica, antitumoral e cicatrizante. Mas o que será que há na própolis que justifica tantos efeitos apresentados no organismo, isto é, propriedades biológicas?
Em relação a composição química da própolis, pesquisas demonstraram a presença de centenas de compostos e pesquisadores identificaram nela microelementos como alumínio, cálcio, estrôncio, ferro, cobre, manganês, vitaminas B1, B2, B6, C e E, e compostos fenólicos isolados pertencentes a três grupos: flavonoides, ácidos fenólicos e ésteres fenólicos. Sendo que mais de 50% representam componentes fenólicos, dentre eles os flavonoides, que estão relacionados com suas principais ações farmacológicas. Hoje se sabe que ela é basicamente constituída de 50 a 55% de resina, bálsamo e substâncias aromáticas, 30 a 40% de cera de abelha, 5 a 10% de óleos essenciais ou voláteis, 5% de grãos de pólen e 5% de materiais orgânicos e inorgânicos.
Os fenóis compõem um grande grupo de compostos naturais, estruturalmente diversos e que têm em comum ao menos uma porção chamada de fenólica em suas estruturas, dentre os fenóis estão os flavonoides. Os flavonoides formam um grande grupo de produtos naturais amplamente encontrados em vegetais superiores, mas também presentes em alguns vegetais inferiores, inclusive algas. A maioria dos flavonoides consiste em compostos amarelos, que contribuem para a cor amarela das flores e frutas, e são antioxidantes fortes. Eles são obtidos de árvores e plantas com variadas proporções de quercetina. A quercertina é o principal flavonoide presente na dieta humana. Entre as inúmeras influências curativas dos flavonoides estão a de estabilizar os vasos sanguíneos, combatendo a hemorragia; reduzir a circulação das vias periféricas, agindo sobre as vias hemostáticas; potencializar as enzimas; exercer capacidade anti-inflamatória em tecidos, juntas ósseas, membranas e mucosas e proteger a vitamina C contra oxidação. A propalina, extrato da própolis, tem origem dos flavonoides e estudos demonstraram que essa substância estimula a produção de anticorpos no organismo, ativa a fagocitose e formação de proteínas no sangue, além de estimular a regeneração tecidual. Finalmente, os ésteres fenólicos. De acordo com o pesquisador Borreli e colaboradores, é exatamente um éster fenólico (chamado de éster fenotil ácido cafeico) o componente responsável pela ação anti-inflamatória da própolis.
Estudos demonstraram que a grande quantidade de compostos chamados de flavonoides, ácidos fenólicos e outras substâncias químicas presentes na própolis, são as bases das suas propriedades biológicas (ações no organismo) e é justamente esta complexa composição que confere à própolis propriedades farmacológicas de grande importância.
REFERÊNCIAS
1.Paulino; N. at all. Tratado de propoterapia clínica. Vol.1. São Paulo: editora Nelpa, 2016.
2. Sarker,S.D. Química para estudantes de farmácia: química geral, orgânica e de produtos naturais. Tradução Cláudia Lúcia Caetano de Araújo. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2009.
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